sexta-feira, 4 de novembro de 2011

"Que deve a pessoa fazer para preparar-se para o Yoga?"

Breve diálogo de A Mãe (Mirra Alfassa), com seus discípulos em Pondicherry, Índia, 1929.

"Que deve a pessoa fazer para preparar-se para o Yoga?"


A Mãe:
Ser consciente, primeiro que tudo. Somos conscientes apenas de uma insignificante porção de nosso ser, pois da maior parte somos inconscientes. É esta inconsciência que nos mantém sujeitos à nossa natureza irregenerada e impede a sua mudança e transformação. É através da inconsciência que as forças não divinas entram em nós e nos fazem seus escravos. Você deve ser consciente de si mesmo, você deve despertar para sua natureza e seus movimentos, você deve saber como e por que faz ou sente as coisas ou pensa nelas; você deve entender seus motivos e impulsos, as forças escondidas ou aparentes que o movem; na verdade, você deve, por assim dizer, desmontar em pequenos pedaços o mecanismo inteiro de seu ser. Somente quando você se torna consciente é que você pode distinguir e peneirar as coisas, você pode ver quais as forças que o puxam para baixo e quais as que te ajudam. E quando você distinguir o certo do errado, o verdadeiro do falso, o divino do não-divino, você deve agir estritamente segundo o seu conhecimento; quer dizer, resolutamente rejeitar um e aceitar o outro. A dualidade se apresentará a cada passo e a cada passo você terá que fazer a sua escolha. Você terá que ser paciente e persistente e vigilante – “acordado”, como dizem os adeptos; você deve sempre recusar a dar ao não-divino qualquer oportunidade que seja contra o divino.
Escrito pela Mãe em 1912:
O objetivo geral a ser alcançado é o advento de uma harmonia universal progressiva.
Os meios para atingir este objetivo, quanto à terra, é a realização de unidade humana pelo despertar em tudo e a manifestação, através de todos, da Divindade interior, que é Una.
Em outras palavras – criar a unidade pelo estabelecimento do Reino de Deus que está dentro de todos nós.
Este é, portanto, o trabalho mais útil a ser feito:
1)    Cada um, individualmente, conscientizar-se da Presença Divina em si mesmo e identificar-se com ela.
2)    Individualizar os estados do ser que até agora nunca foram conscientes no homem, e, através disso, colocar a terra em contato com uma ou mais das fontes da força universal, que estão ainda seladas para ela.
3)    Falar outra vez ao mundo a palavra eterna sob uma nova forma, adaptada a sua mentalidade atual. Isto será a síntese de todo o conhecimento humano.
4)    Coletivamente, estabelecer uma sociedade ideal em um local apropriado para o florescimento da nova raça, a raça dos Filhos de Deus.
A transformação e harmonização terrestre podem ser conseguidas por dois processos que, embora opostos em aparência, devem combinar-se – devem atuar um sobre o outro e completar-se mutuamente:
1)    Transformação individual, um desenvolvimento interior que leve à união com a Presença Divina.
2)    Transformação social, o estabelecimento de um ambiente favorável ao florescimento e crescimento do indivíduo.
Considerando que o ambiente atua sobre o indivíduo e, por outro lado, o valor do ambiente depende do valor do indivíduo, os dois trabalhos deveriam processar-se lado a lado. Mas isto só pode ser feito através da divisão de trabalho, o que requer a formação de um grupo hierarquizado, se possível.
A ação dos membros do grupo deveria ser tríplice:
1)    Realizar em si mesmo o ideal a ser atingido: tornar-se um perfeito representante terreno da primeira manifestação do Impensável, em todas as suas modalidades, atributos e qualidades.
2)    Pregar este ideal pela palavra, mas acima de tudo pelo exemplo, para assim descobrir todos aqueles que estão preparados para realizá-lo por sua vez e tornar-se também arautos de libertação.
3)    Fundar uma sociedade típica ou reorganizar aquelas já existentes.
Para cada indivíduo também há um duplo trabalho a ser feito, simultaneamente, cada aspecto dele ajudando e completando o outro:
1)    Um desenvolvimento interior, uma progressiva união com a Luz Divina, a única condição pela qual o homem pode estar sempre em harmonia com a grande corrente da vida universal.
2)    Uma ação externa que cada uma deve escolher, de acordo com suas capacidades e preferências pessoais. Ele tem que achar o seu próprio lugar, o lugar que apenas ele pode ocupar no concerto geral e dedicar-se inteiramente a isto, não esquecendo que ele esta tocando apenas uma nota na sinfonia terrestre, e contudo sua nota é indispensável à harmonia do todo e seu valor depende da sua precisão.